sábado, 30 de abril de 2011

Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
(Alexandre O'Neill)

sexta-feira, 22 de abril de 2011

JUÍZO


Muitas pessoas estão com carência e precisam de reposição.
Em falta em todas as farmácias!
Por ser muito caro o Governo distribuirá gratuitamente.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA

"Quem tem cultura enxerga mais longe, descortina novos horizontes. Quem não tem cultura tem visão limitada, limita-se às coisas e atividades do dia-a-dia. Quem tem cultura tem mais senso crítico, maior capacidade de análise das pessoas e das coisas..."
("Atividades de Educação Moral e Cívica" de Siqueira e Bertolin da editora IBEP)


Quem está na faixa de idade entre 40 e 50 anos, assim como eu, se lembra perfeitamente das aulas de Educação Moral e Cívica (EMC) e Organização Social e Política do Brasil (O.S.P.B).

Essas duas disciplinas curriculares, por terem sido incluídas no currículo escolar no período dito "Ditadura Militar" (como veremos mais adiante), acabaram por serem excluídas, como argumento de que era uma forma dos militares “formatarem” o pensamento dos jovens brasileiros.

Já na atualidade, devido a tantos desrespeitos à vida e aos semelhantes, escândalos na política e até no judiciário, crimes hediondos e outros, estão discutindo a volta da disciplina de EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA.

Fazendo uma leve reflexão, me vem à mente como aquelas aulas eram ministradas, conduzidas e quais os seus benefícios. Lembro-me bem de que embora alguns professores demonstrassem algum despreparo, na sua maioria, conseguiam conduzir com seus alunos, discussões importantes a cerca de temas que ainda hoje são atuais como respeito à vida; patriotismo; respeito às diferenças e aos diferentes; os valores morais e éticos; amor à pátria, respeito aos símbolos nacionais; dentre outros.

Nestas aulas nos eram apresentados alguns preceitos constitucionais; leis e sinalizações de trânsito; aprendíamos quais eram os partidos políticos e quais os significados das suas respectivas siglas.

Destaco aqui a importância que é dada ao patriotismo no E.U.A, que não se limita ao período de Copa Mundial de Futebol. Naquele país é comum vermos a sua bandeira ser mostrada em todos os filmes ali produzidos, como forma de enaltecer a auto-estima do seu povo, o que só traz benefícios ao crescimento nacional.

Vamos aqui discorrer sobre alguns dados históricos sobre a origem dessa disciplina.

Tudo começou com o Presidência da República Jânio Quadros que logo ao assumir baixou o Dec. 50.505, de 26.04.1961, cujo art. 1.° dispunha que "é obrigatória a prática de atividades extra-escolares, de natureza moral e cívica, nos estabelecimentos de qualquer ramo ou grau de ensino, públicos ou particulares, sob a jurisdição do Ministério da Educação e Cultura".

O Dec. 50.505/61 ressaltou as atividades de natureza moral e cívica que deveriam ser desenvolvidas como, (I) o hasteamento, no início da semana, do Pavilhão Nacional, com a presença do corpo discente e antes dos trabalhos escolares; (II) frequentes execuções do Hino Nacional, do Hino à Bandeira e de outros que sejam expressões coletivas das tradições do país; (III) comemoração das datas cívicas; (IV) estudo e divulgação da biografia e da importância histórica de personalidades do país; (VI) divulgação e debate sobre a realidade econômica e social do país, incluindo estudo da sua posição internacional; (IX) divulgação dos princípios fundamentais da Constituição Federal, dos valores que a informam e dos direitos e garantias individuais. (Grifo nosso)

Com a renúncia de Jânio Quadros e o reboliço político-partidário, que se seguiu, veio a Revolução Militar de 1964, com Castelo Branco na Presidência da República. Conhecido como patriota, o Presidente baixou o Dec. 58.023, de 21.03.1966, que dispunha sobre a educação moral e cívica em todo o país. O Departamento Nacional de Educação, órgão do MEC, ficou encarregado de estimular a educação cívica, "usando de processos capazes de incentivar a consciência cívica de cada comunidade." A formação cívica deveria processar-se "obrigatoriamente na escola, como prática educativa", "em todos os graus de ensino e ser preocupação dos professores em geral".

O decreto dispunha no art. 2.°, na conceituação dos princípios, que "a educação cívica visa a formar nos educandos e no povo em geral o sentimento de apreço à Pátria, de respeito às instituições, de fortalecimento da família, de obediência à lei, de fidelidade no trabalho e de integração na comunidade, de tal modo que todos se tornem, em clima de liberdade e responsabilidade, de cooperação e solidariedade humanas, cidadãos sinceros, convictos e fiéis no cumprimento dos seus deveres".(Grifo nosso)

Em 12.09.1969, quando o país era governado pela Junta Militar dos três Ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, foi baixado o Dec.-lei 869, pelo qual foi "instituída, em caráter obrigatório, como disciplina e,também, como prática educativa, a Educação Moral e Cívica, nas escolas de todos os graus e modalidades, dos sistemas de ensino do país." E o Dec.-lei exemplificava as finalidades que deveriam ser alcançadas, com o apoio nas tradições nacionais, como defesa dos princípios democráticos, da dignidade da pessoa humana, do amor à liberdade com responsabilidade, preservação dos valores espirituais e éticos da nacionalidade, preparo do cidadão para o exercício das atividades cívicas, com fundamento na moral, no patriotismo e na ação construtiva, visando ao bem comum e o culto de obediência à lei.(Grifo nosso)

O Dec.-lei 869 foi regulamentado pelo Dec. 68.065, de 14.01.1971, que acrescentou que a Educação Moral e Cívica, em face da lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, deveria somar-se ou articular-se com o ensino da Organização Social e Política Brasileira. Dispôs mais, que a Educação Moral e Cívica no ensino superior, inclusive na pós-graduação, deveria ser ministrada sob o enfoque de "estudos de problemas brasileiros". O decreto, para isso, buscou estimular a criação de Centros Cívicos ou instituições extra-classes, de qualquer espécie, com condições hábeis para desenvolver, de alguma forma, a educação moral e cívica e cooperar na formação ou aperfeiçoamento do caráter do educando. Cada escola deveria ter um orientador de Educação Moral e Cívica, assessorando o centro cívico.

A Educação Moral e Cívica está dentro da concepção da Pedagogia Social, designativa de uma educação, que enxerga o indivíduo como um ser mais comprometido com a comunidade e se dedica à formação de uma mentalidade ajustada ao convívio social.

O art. 205 da CF/88 dispõe que a "educação, direito de todos e dever do listado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho".

Tabela retirada do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP)

1971

Assunto: EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA

Autor: ALVES, LUIZ ANTONIO

TÍTULO: A EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA

Imprenta: Brasilia. v. 1, n. 2, p. 62-68, set., 1971.

Resumo A educação moral e cívica deve harmonizar tradição com progresso, a segurança com desenvolvimento. O civismo deve empolgar os jovens diante dos inúmeros problemas a serem enfrentados e que necessitam de um verdadeiro espírito de civismo, que compreende um diálogo entre os cidadãos de um país e, numa outra dimensão o diálogo entre nações.(Grifo nosso)

Não defendo aqui que seja mais uma matéria conteudista e que conduza a se decorar terminologias, siglas e conceitos, mas que seja um espaço escolar onde se possa desenvolver conversas entre os mestres e os alunos sobre patriotismo, ética, problemas atuais enfrentados no Brasil e no mundo, respeito ao ser humano, respeito às diferenças e aos diferentes, etc

Talvez alguém possa discordar de como essas disciplinas eram ministradas e conduzidas, mas acho pouco provável que alguém possa, em sã consciência, achar desnecessários que esses temas acima descritos sejam de suma importância hoje e sempre, por se tratarem de verdades universais (aceitas por todos os povos, em qualquer tempo ou cultura).

A pergunta que fica é: Porque algumas pessoas são contra a volta dessas aulas de Educação Moral e Cívica? Será que não seria interessante ter pessoas bem informadas e esclarecidas?

terça-feira, 19 de abril de 2011

19 de Abril – Dia do Exército – Ordem do Dia - Gen Ex Enzo

A cada 19 de abril celebramos, com indisfarçável orgulho, o Dia do Exército. Quem se debruçar sobre a história do Brasil verá um povo cheio de esperança, desde o descobrimento, lutando para ser capaz de escolher seu próprio destino. Verá, também, nas lutas contra o invasor, nos Montes Guararapes, em 1648, o surgimento do Exército Brasileiro, fundindo-se com o sopro inspirador do sentimento de pátria, que se eternizou nos nossos valores. E verá, ainda, esse mesmo Exército, em permanente evolução, participando ativamente da formação da nacionalidade brasileira, ajudando a sociedade -– à qual pertence e com quem mantém pacto indissolúvel – a conquistar seus sonhos; lutando com ela, sofrendo com ela, vencendo com ela. Aí estão as lutas pela manutenção da unidade nacional, pelo estabelecimento de fronteiras definitivas, pela independência, pela República e pela preservação da integridade territorial e da paz com os vizinhos.

Hoje, vivemos um momento singular dessa nossa história. É dada a esta geração a oportunidade – mais que isso: o dever – de cruzar a ponte que nos separou do futuro, deixando para trás, de forma definitiva e irreversível, o sonho de ser potência emergente para alinhar-se entre os principais atores globais, credor de respeito internacional, possuidor de voz ativa em foros mundiais e detentor de responsabilidades que ultrapassam nossas fronteiras.

Isso impõe, entre tantas outras urgências, a necessidade de um escudo para o nosso desenvolvimento; um aparato de dissuasão e defesa que dê visível musculatura à estatura do Brasil. Isso impõe, para a Força Terrestre, que se queimem etapas, para, de um salto ousado, se chegar à sua transformação, como já propõe a Estratégia Nacional de Defesa.
Nesse processo de transformação, que já vem ocorrendo, o Exército manterá a clareza de suas
ações – compartilhada com toda a sociedade – para que haja engajamento, acompanhamento e comprometimento de todos.

Essa transformação estará dentro do contexto de mudanças por que passa o mundo inteiro. Fatos recentes ocorridos "na aldeia global" apontam para a necessidade de um exército dissuasor, mas também com múltiplas capacidades para enfrentar ameaças assimétricas e atender demandas de outras naturezas como tragédias ambientais; ocupação de áreas dominadas pelo crime organizado; segurança de grandes eventos; manutenção da posse de riquezas naturais; vigilância efetiva das nossas fronteiras e apoio ao desenvolvimento nacional.

Nesse contexto, como ator principal, está o nosso soldado – vossos filhos e filhas –, abnegado, disciplinado e crente nos valores e deveres que condicionam nossa vocação profissional; crente na missão que a nação nos confia; crente na submissão da própria vida à necessidade de defesa da pátria.

Povo Brasileiro, orgulhe-se de seu Exército genuinamente nacional, comprometido com os valores democráticos e em permanente estado de prontidão para defender nosso solo e nossa gente; ajudar na defesa civil; proteger nossas fronteiras; dissuadir intenções hostis, intimidações e ameaças; e respaldar decisões soberanas de um povo que, livremente, já escolheu seu destino!
Brasília, DF, 19 de abril de 2011

General-de-Exército ENZO MARTINS PERI
Comandante do Exército

quinta-feira, 14 de abril de 2011

SEXTING - MODA TAMBÉM NO BRASIL

O termo sexting já existe no dicionário (the practice of sending sexual images or messages to someone’s mobile phone – a prática de envio de imagens sexuais e mensagens para o celular de alguém) e é uma junção dois termos em inglês: sex (sexo) com texting (envio de mensagens). Nada mais é que o compartilhamento, via celular, de textos ou imagens de cunho sexual, mas passou a englobar também conteúdo exposto na internet.

Esse tipo de prática era mais comum nos EUA e na Europa, mas vem crescendo, particularmente entre os adolescentes brasileiros.

Uma pesquisa feita com 2.525 crianças e adolescentes brasileiros em 2009, pela Safernet (ONG de defesa dos direitos humanos na internet), revelou que já naquela época 12% deles admitiram terem publicado fotos íntimas na internet (o estudo não se restringia a telefones celulares).

Em alguns casos os jovens se deixam filmar ou fotografar de livre vontade, noutras acontece sem o seu consentimento e até mesmo sem o seu conhecimento.

O que muitos desconhecem é que a sexting é um crime tipificado no artigo 241, do Estatuto da criança e do adolescente, mesmo que a pena ainda seja muito branda.

"Pena de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, para quem oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente." (Estatuto da criança e do adolescente).

Vale a pena lembrar que o Brasil tem mais de um telefone celular por habitante, e que cada vez mais os novos aparelhos vêm com recursos para tirar e enviar fotos e vídeos.

Outra coisa que não se pode olvidar é que depois de lançado na internet é quase impossível de se obter o controle desse material exposto.

Os pais devem estar atentos e informar aos seus filhos adolescentes do risco de se deixarem filmar ou fotografar em situações íntimas, mesmo que seja por pessoas consideradas de confiança (amigas, amigos, namoradas, namorados, etc), pois ninguém pode ter a certeza absoluta de onde irá parar esse material, que num futuro poderá ser até utilizado em sites de pedofilias.

Outra coisa importante que deve ser abordado pelos pais e educadores é que o jovem, pela própria natureza da idade e imaturidade, não pensa no futuro e se esquece de que um dia será um pai ou uma mãe, além de poder interferir na sua carreira pessoal e profissional, uma imagem negativa, publicada na rede mundial de computadores.

Esse problema de sexting tende a crescer com a expansão do Tablet, pois facilitará o envio de fotos e vídeo e é de fácil transporte.

Qualquer pessoa que veja conteúdo pornográfico envolvendo crianças e adlescentes podem denunciar pelo site da safernet (http://www.safernet.org.br/site/denunciar) ou pode ir diretamente à polícia, não esquecendo de capturar o endereço eletrônico onde estava exposto o conteúdo ou copiar a tela do site.


Outros artigos relacionados com o tema:


- Prática de "sexting" tem adesão de 25% dos jovens nos EUA

- Mania do "sexting" cresce entre adolescentes britânicos

- Mais crianças praticam sexting no Reino Unido

Competição sexual pela internet ou no celular é moda entre adolescentes

Microsoft tira cena de "sexting" de propaganda do smartphone Kin

quarta-feira, 13 de abril de 2011

RISCOFOBIA

Lendo a matéria: "Riscofobia gera mais ansiedade que prevenção, diz especialista", na Folha.com, Equilíbrio e Saúde, de 11 de abril de 2011 -, fiquei ainda mais convicto de tudo que penso sobre essa mania, que eu diria até "tara" que vivemos hoje – O MEDO!

Não quero aqui fazer apologia a uma vida desregrada, nem que não tomemos o devido cuidado ao atravessar uma rua. Contudo, estou ficando cheio de todos esses "especialistas em tudo" que ficam nos dizendo o que devemos fazer, o que não devemos fazer, como podemos e como não podemos fazer.

Estamos fabricando um mundo de medo. Não coma "isso" que lhe fará mal a saúde! Não beba "aquilo" que você vai ter sirrose hepática! Não ande sozinho nas ruas! Comer muito faz mal a saúde! Comer pouco faz mal a saúde! Colocamos grades nas janelas, blindamos carros, colocamos cercas elétricas, morremos de medo de energia nuclear, se chove entramos em pânico, se não chove entramos em desespero.

Além de tudo temos a infeliz mania de copiarmos todas as mazelas dos norte-americanos e a da moda é #medodetudo.

Todo esse excesso de medidas preventivas quanto aos "possíveis" riscos é bom ou ruim para a nossa saúde física e mental?

Será que um dia seremos capazes de controlarmos todos os imponderáveis das nossas vidas? Ou será que isso só vai nos trazer mais ansiedade, infelicidade e baixa qualidade de vida?

Um versículo Bíblico diz: "Não andeis ansiosos de coisa alguma..." Será que não é hora de seguirmos essa orientação, para o nosso próprio bem, independente de credo ou religião?

Eu creio que antes de ficarmos tão presos ao que podemos ou não fazer, devemos buscar fazer tudo aqui que nos dê prazer, pois a vida é muito curta e as fases da vidas são ainda mais efêmeras.
Quantas pessoas nunca beberam, nunca fumaram, viviam preocupadas em excesso com a alimentação e morreram jovens?

Segue abaixo alguns trechos da entrevista realizada por Iara Biderman, com o médico Luis David Castiel, epidemiologista, que estuda os fatores associados à difusão ou à prevenção de doenças - os chamados fatores de risco.
 http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/901040-riscofobia-gera-mais-ansiedade-que-prevencao-diz-especialista.shtml

http://marconipimenta.blogspot.com/2011/04/na-era-da-riscofobia-queremos-controlar.html

Não é contraditório um epidemiologista questionar o conceito de risco?

Luis David Castiel - Hoje em dia, a gente tem que justificar o papel da crítica. A academia está se tornando um local produtivista, e a crítica atrapalha o bom andamento dos trabalhos e resultados. Estamos numa era, para usar o clichê, da medicina baseada em evidências.

E qual o problema com a chamada "evidência"?

Vou ficar meio pernóstico, mas tudo bem: a evidência parte de um pressuposto de que a realidade é uma coisa autônoma, definível e independente da gente. Há uma espécie de premissa que não é esclarecida. E há também uma produção de evidências que está diretamente ligada à produção de mercadorias: remédios, equipamentos...

O conceito de risco em saúde também tem esse lado?

Tem, ele cria uma indústria de avaliação de risco que vende segurança. Vi uma propaganda de uma companhia de seguros que dizia: "Vai que...". Quer dizer, vai que acontece, então você não pode relaxar, tem que ficar atento. Isso aumenta a ansiedade em relação ao risco, que gera o impulso para fazer algo, ter ou consumir algo que possa controlá-lo.

Esse é o principal problema das avaliações de risco?

Tem também um lado opressivo que me incomoda. Uma dimensão moralista, que rotula as pessoas que se expõem ao risco como displicentes e que, portanto, merecem ser punidas [pela doença], se acontecer o evento ao qual estão se expondo.

Estamos à mercê dessa prescrição constante que a gente tem que seguir. Na hora em que você traz para perto a ameaça, tem que fazer uma gestão cotidiana dela. Não há como, você teria que controlar todos os riscos possíveis e os impossíveis de se imaginar. É a riscofobia.

terça-feira, 12 de abril de 2011

INVISÍVEL

Eu recebi este texto por e-mail e não tenho como confirmar a autoria, o que faria com o maior prazer, pois independente de se aconteceu ou não de verdade, a história é verdadeira.
Vemos todos os dias e as nem vemos casos de pessoas que se tornam invisíveis. Essas pessoas não precisam ser um gari ou um morador de rua.
Quantas vezes eu mesmo passei por um morador de rua, coloquei a mão no bolso, peguei alguns trocados e lhe dei, como se tivesse fazendo uma boa ação, mas que não verdade nem o respondo, quando ele me diz "obrigado". Outras vezes nem dava nada e virava o rosto pra não dar nada. Mas na verdade o que ele queria mesmo era apenas um pouco de atenção. Alguém que o visse!
As vezes é até um parente nosso: Pais, avós, esposas, esposos, tios, irmãos, amigos, vizinhos etc.
Pessoas que as vezes só querem um "bom dia"; "como foi o seu dia?"; "como você está?"; "está precisando de alguma coisa?" Enfim...ELES SÓ QUEREM SAIR DA INVISIBILIDADE.

TESE DE MESTRADO NA USP por um PSICÓLOGO

"O HOMEM TORNA-SE TUDO OU NADA, CONFORME A EDUCAÇÃO QUE RECEBE"

"Fingi ser gari por 1 mês e vivi como um ser invisível"

Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da "invisibilidade pública". Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.
(Plínio Delphino, Diário de São Paulo.)

O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou um mês como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo.

Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são 'seres invisíveis, sem nome'.

Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da "invisibilidade pública", ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa. Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida: 'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência', explica o pesquisador.

O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano.

'Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão', diz.

No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço.

Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro.

Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse:

"E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?" E eu bebi.
Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.
O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?
Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central.
Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar, não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.

E depois de um mês trabalhando como gari? Isso mudou?

Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.

E quando você volta para casa, para seu mundo real?

Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais.

Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa.

Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador.

Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe.

Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma "COISA".

*Ser IGNORADO é uma das piores sensações que existem na vida! 

sábado, 9 de abril de 2011

O Psicopata e o Gato

Na semana em que todos nós ficamos estarrecidos com a tragédia acontecida numa escola no Rio de Janeiro em que várias crianças foram feridas e 12 foram brutalmente mortas, resolvi postar parte de uma matéria que fala sobre psicopata.


"O psicopata é como o gato, que não pensa no que o rato sente. Ele só pensa em comida. A vantagem do rato sobre as vítimas do psicopata é que ele sempre sabe quem é o gato"

O trabalho do psicólogo canadense Robert Hare, de 74 anos, confunde-se com quase tudo o que a ciência descobriu sobre os psicopatas nas últimas duas décadas. Foi ele quem, em 1991, identificou os critérios hoje universalmente aceitos para diagnosticar os portadores desse transtorno de personalidade. Hare começou a aproximar-se do tema ainda recém-formado, quando, trabalhando com detentos de uma prisão de segurança máxima nas proximidades de Vancouver, ficou intrigado com uma questão: "Eu queria entender o motivo pelo qual, em alguns seres humanos, a punição não tem efeito algum". A curiosidade levou-o até os labirintos da psicopatia – doença para a qual, até hoje, não se vislumbra cura. "O que tentamos agora é reduzir os danos que ela causa, aos seus portadores e aos que os cercam."

Um psicopata nasce psicopata?
Ninguém nasce psicopata. Nasce com tendências para a psicopatia. A psicopatia não é uma categoria descritiva, como ser homem ou mulher, estar vivo ou morto. É uma medida, como altura ou peso, que varia para mais ou para menos.

O senhor é o criador da escala usada mundialmente para medir a psicopatia. Quais são as características que aproximam uma pessoa do número 40, o grau máximo que sua escala estabelece?
As principais são ausência de sentimentos morais – como remorso ou gratidão –, extrema facilidade para mentir e grande capacidade de manipulação. Mas a escala não serve apenas para medir graus de psicopatia. Serve para avaliar a personalidade da pessoa. Quanto mais alta a pontuação, mais problemática ela pode ser. Por isso, é usada em pesquisas clínicas e forenses para avaliar o risco que um determinado indivíduo representa para a sociedade.

Todo psicopata comete maldades?
Não necessariamente com o intuito de cometer a maldade. Os psicopatas apresentam comportamentos que podem ser classificados de perversos, mas que, na maioria dos casos, têm por finalidade apenas tornar as coisas mais fáceis para eles – e não importa se isso vai causar prejuízo ou tristeza a alguém. Mas há os psicopatas do tipo sádico, que são os mais perigosos. Eles não somente buscam a própria satisfação como querem prejudicar outras pessoas, sentem felicidade com a dor alheia.

Até que ponto a associação entre a figura do psicopata e a do serial killer é legítima?
A estimativa é que cerca de 1% da população mundial preencheria os critérios para o diagnóstico de psicopatia. Nos Estados Unidos, haveria, então, cerca de 3 milhões de psicopatas. Se o número de serial killers em atividade naquele país for, como se acredita, de aproximadamente cinquenta, isso significa que a participação desses criminosos no universo de psicopatas é muito pequena. Por outro lado, segundo um estudo do psiquiatra americano Michael Stone, cerca de 90% dos serial killers seriam psicopatas.

Em que medida o ambiente influencia na constituição de uma personalidade psicopata?
Na década de 20, John B. Watson, um estudioso de psicologia comportamental, dizia que, ao nascer, nós somos como páginas em branco: o ambiente determina tudo. Na sequência, entrou em voga o termo sociopata, a sugerir que a patologia do indivíduo era fruto do ambiente – ou seja, das suas condições sociais, econômicas, psicológicas e físicas. Isso incluía o tratamento que ele recebeu dos pais, como foi educado, com que tipo de amigos cresceu, se foi bem alimentado ou se teve problemas de nutrição. Os adeptos dessa corrente defendiam a tese de que bastava injetar dinheiro em programas sociais, dar comida e trabalho às pessoas, para que os problemas psicológicos e criminais se resolvessem. Hoje sabemos que, ainda que vivêssemos uma utopia social, haveria psicopatas.

domingo, 3 de abril de 2011

O Urso e a Panela

Um grande urso, vagando pela floresta, percebeu que um acampamento estava vazio, foi até a fogueira, ardendo em brasas, e dela tirou um panelão de comida. Quando a tina já estava fora da fogueira, o urso a abraçou com toda sua força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo. Enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo lhe atingindo. Na verdade, era o calor da tina...

Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e por onde mais a panela encostava. O urso nunca havia experimentado aquela sensação e, então, interpretou as queimaduras pelo seu corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida. Começou a urrar muito alto. E, quanto mais alto rugia, mais apertava a panela quente contra seu imenso corpo. Quanto mais a tina quente lhe queimava, mais ele apertava contra o seu corpo e mais alto ainda rugia.

Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram o urso recostado a uma árvore próxima à fogueira, segurando a tina de comida. O urso tinha tantas queimaduras que o fizeram grudar na panela e, seu imenso corpo, mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar rugindo.

Moral:

Quando terminei de ouvir esta história de um mestre, percebi que, em nossa vida, por muitas vezes, abraçamos certas coisas que julgamos ser importantes. Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos queimam por fora e por dentro, e mesmo assim, ainda as julgamos importantes. Temos medo de abandoná-las e esse medo nos coloca numa situação de sofrimento, de desespero. Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos derrotados por algo que tanto protegemos, acreditamos e defendemos.

Para que tudo dê certo em sua vida, é necessário reconhecer, em certos momentos, que nem sempre o que parece salvação vai lhe dar condições de prosseguir. Tenha a coragem e a visão que o urso não teve. Tire de seu caminho tudo aquilo que faz seu coração arder. Solte a panela!

PS: Recebido por e-mail, enviado pelo meu irmão. Achei muito interessante, pois eu mesmo passei muito tempo agarrado em coisas que não me traziam nenhum benefio e ainda me faziam mal. Contudo, mesmo assim demorei a entender que eu deveria soltar a minha panela.
(Kilson N Silva)

sábado, 2 de abril de 2011

VERGONHA

Vergonha de ter...
Vergonha de ser...
Vergonha de estar...
Vergonha de poder...
Vergonha de não poder...

Vergonha até dos sem vergonhas.
Vergonha dos que escrevem...
Vergonha dos que não sabem escrever...
Vergonha do que escrevo.
Vergonha do que penso no meu leito.

Vergonha do que falo
vergonha de quando me calo.
vergonha de quando me fazem calar
E de quando me deixo calar.
Vergonha dos que podem e se calam.

Vergonha de que mesmo pensando,
Tendo mãos sadias e capazes
Furto-me a escrever coisas úteis
Que poderiam ajudar a mudar.
Não mudar o mundo.

Afinal o mundo anda tão mudado
E nada pode impedir essas mutações.
Sobretudo mudar a mim mesmo
Que teimo em viver na mesmice
De um dia após o outro...

Na infância não temos vergonha
Aprendemos a senti-la
Na descoberta do mal
Surgem os pudores e
Até os pseudos-pudores.

Então tiramos nossas vestes
Nos acostumamos com o que
Antes nos trazia vergonha.
Despudorados, ficamos insensíveis.
E o outro passa a ser invisível.

Vergonha, vergonha, vergonha...
Cadê você?
(Kilson N Silva)