sábado, 24 de setembro de 2011

Partida


Noite caindo, sala vazia.
Naquela casa que outrora alegria
Apenas um séquito raio de luz irradia,
Nas janelas de vidros frias.
Silêncio.
Escuridão, solidão; somente um grito
Triste de uma coruja a proteger a sua cria.
Sala vazia, portas cerradas.
Amores perdidos,
Amores roubados,
Amores enganados,
Novos amores!
Novos amores?
Não! Apenas ilusões criadas
Trazidas pelas sombras do passado.
As portas se abrem
Uma luz parece querer entrar
Mas tímida que é
Problemática que é
Sussurra umas palavras incompreensíveis
Sem sentido, sem fé,
Àqueles velhos ouvidos
Acostumados às lamúrias vencidas.
Velhas lamúrias,
Velhos amores,
Velhas esperanças,
Velhas e velhos nas calçadas.
O que importa?
Não há mais móveis
Ficou o imóvel a se questionar:
Pra onde foram todos?
Onde foram morar?
A lua se esconde
Não quer participar.
Onde não existe amor
Eu não vou iluminar.
Mais escuridão! Mais dor!
Somente paira a negritude da noite.
O silêncio aumenta!
Frio. Vento frio! Chão frio! Pés descalços.
A roupa não aquece.
A mente não se esquece.
O coração padece.
O arrepio solitário sobe nas pernas,
Costas, pescoço, pulmões.
Rostos novos, fotos amareladas,
Discos arranhados, tênis surrados.
Chão empoeirado,
Capacho jogado
O que sobrou além da dor?
Novos amores!
Novos amores?
Apenas uma sala escura e vazia
Invadida pelo silêncio da solidão.
Portas cerradas...
Olhos fechados...
As lágrimas vêm de dentro rolando
Feito um tsunami
Que vem arrastando todas as entranhas
Que engancham na garganta
Deixando com falta de ar.
A chave foi perdida e a
A chavinha roubada.
Ninguém entra e ninguém sai.
Apenas uma sala escura e vazia,
Cheia de tristeza, rancor e dor.
(Kilson N. Silva)