sábado, 19 de junho de 2010

O BARCO

Certa vez, um garotinho pediu um presente ao pai.
O pai, que era carpinteiro, lhe fez um lindo barquinho de madeira. Era um modelo único.
O filho ficou maravilhado e muito feliz com o seu presente. Na verdade ele amou ganhar aquele presente do pai.
Mas um dia, quando o garotinho estava brincado com o seu barquinho de madeira, veio a correnteza e o barquinho foi se afastando lentamente do garoto, até que a correnteza o carregasse para bem longe do menino, de forma que ele não conseguia mais alcançá-lo.
O barquinho foi se afastando, se afastando, até o garotinho perdê-lo, completamente, de vista. O garotinho ficou muito triste e chorou.
Outro homem, que tinha uma loja, achou o barquinho e se agradando dele, levou para a sua loja e colocou-o a venda.
Certo dia, quando o pai e o filho entraram naquela loja, o filho viu o seu barquinho na prateleira a venda e o reconheceu.
_ “Aquele é o meu barquinho papai. Aquele é o barquinho que o senhor fez para mim. Eu gostaria muito de tê-lo de volta”. Disse o garotinho ao pai.
O pai se dirigiu ao vendedor e disse-lhe que queria comprar aquele barquinho. Não importava o preço. Ele estava disposto a pagar qualquer preço por ele para ver o seu filho feliz novamente.
O pai pagou um preço altíssimo pelo barquinho, pegou o barquinho e entregou ao seu filho.
O garotinho pegou o barquinho em seus braços e abraçando-o forte e carinhosamente, exclamou: _ Estou muito feliz! Agora eu tenho o meu barquinho de volta!
Um dia Deus nos criou e entregou-nos a seu Filho. Cada um de nós é um modelo único feito por Deus.
Mas o inimigo veio e sorrateiramente nos levou (nos roubou de Deus).
Deus se propôs a pagar um preço altíssimo para nos ter de volta nos braços dEle e do Seu Filho. O preço a ser pago foi enviar o seu único Filho amado para morrer por nós. E a Palavra nos diz que foi morte de Cruz.
Deus fez isso pelo infinito e incondicional amor que Ele tem por nós.
GLÓRIAS A DEUS!
Kilson Nascimento da Silva

VERDADEIRA HEROÍNA



A tristeza já há algum tempo se instalara naquele lar. Casa singela que, outrora fora palco de alegria e fartura, aonde tudo resplandecia em limpeza e amor, hoje tem em seu interior na marca do desânimo e do desespero.


Ao ultrapassar a sua soleira, aqueles mais sensíveis, podem sentir o clima de desarmonia e intranqüilidade que ali reina, com seu ar pesado e sobrecarregado de eflúvios deletérios; suas paredes, piso, teto, instalações elétricas e hidráulicas, tudo apresenta sinais de descaso, necessitando reparos.


Os poucos móveis que ainda restam têm carência de conserto, pois a mesa, pensa e encostada à parede, quase não serve para o fim que se destina; o sofá furado, é sustentado por uma lata cheia de areia; a cama, equilibrada por tijolos furados que substituem uma de suas pernas, tem o colchão rasgado, uma medrança de fungos e ácaros que, vez por outra são massacrados pela ação do ferro de engomar, já que a tábua de passar se inutilizara pelo uso.


Eletrodomésticos, quase não os tem. A geladeira carcomida pela ferrugem tornou-se um depósito de água, enquanto a velha TV, em um canto da sala, ainda funciona, às vezes, a pancadas, quando apresenta defeitos momentâneos.


No armário, o conjunto de mantimentos vazio é a prova de que ali a alimentação é escassa e incerta, pois certas mesmo, são as idas e vindas à casa dos genitores, em busca de paliativos às necessidades dos filhos.


A mulher de olhar triste e vago, desanimada e taciturna, com olheiras a marcar-lhe o semblante que, tenta disfarçar com um sorriso amargo, tem os cabelos quase sempre desalinhados ou em forma de coque, apática, com vestuários a desejar e sandálias nos pés, é o protótipo da desolação.


Tem dois filhos. Um de oito e outro de sete anos, magros, de fisionomias sofridas, desolados e desconfiados, como que estivessem assustados. Já não vão à escola, e, em suas vestes simples, vê-se que a situação da família não é boa.


Vive em tensão constante, pois o seu matrimônio está ameaçado. Já não existe clima entre eles. Como se não bastasse, está as voltas com agiotas, SPC e cartórios de protestos. A prestação da casa, contas de água, e luz vencidas, cobradores à porta e desacatos de credores.


Seu marido, homem jovem, mas alquebrado, ainda empregado, é alcoólatra. Passa nos bares, suas horas de folga, a contar vantagens e a “resolver” problemas dos “amigos”, aonde deixa o seu dinheiro e a sua diguinidade. Ditador, ciumento, e às vezes violento, nunca tem hora certa para retornar ao lar, aonde exige o que quase sempre não deixou. – alimentação. Ama sua família, mas desconhece ser portador do alcoolismo – doença que quase todos escondem, e, por isso, questiona o porquê de tanto sofrimento.


É, pois, uma verdadeira heroína a mulher do alcoólatra, que, a tudo sofre, nem sempre com resignação, mas com o coração cheio de esperança de que um dia o quadro se reverta e passe a família a ter vida condigna, embora pobre. Faz da prece a sua tábua de salvação e da fé o seu escudo contra o sofrimento. Quando perseverante e paciente, vence, pois Deus é infinitamente bom e misericordioso.

(Texto de Jovanil Batista da Silva) - Meu Pai