Lendo a matéria: "Riscofobia gera mais ansiedade que prevenção, diz especialista", na Folha.com, Equilíbrio e Saúde, de 11 de abril de 2011 -, fiquei ainda mais convicto de tudo que penso sobre essa mania, que eu diria até "tara" que vivemos hoje – O MEDO!
Não quero aqui fazer apologia a uma vida desregrada, nem que não tomemos o devido cuidado ao atravessar uma rua. Contudo, estou ficando cheio de todos esses "especialistas em tudo" que ficam nos dizendo o que devemos fazer, o que não devemos fazer, como podemos e como não podemos fazer.
Estamos fabricando um mundo de medo. Não coma "isso" que lhe fará mal a saúde! Não beba "aquilo" que você vai ter sirrose hepática! Não ande sozinho nas ruas! Comer muito faz mal a saúde! Comer pouco faz mal a saúde! Colocamos grades nas janelas, blindamos carros, colocamos cercas elétricas, morremos de medo de energia nuclear, se chove entramos em pânico, se não chove entramos em desespero.
Além de tudo temos a infeliz mania de copiarmos todas as mazelas dos norte-americanos e a da moda é #medodetudo.
Todo esse excesso de medidas preventivas quanto aos "possíveis" riscos é bom ou ruim para a nossa saúde física e mental?
Será que um dia seremos capazes de controlarmos todos os imponderáveis das nossas vidas? Ou será que isso só vai nos trazer mais ansiedade, infelicidade e baixa qualidade de vida?
Um versículo Bíblico diz: "Não andeis ansiosos de coisa alguma..." Será que não é hora de seguirmos essa orientação, para o nosso próprio bem, independente de credo ou religião?
Será que um dia seremos capazes de controlarmos todos os imponderáveis das nossas vidas? Ou será que isso só vai nos trazer mais ansiedade, infelicidade e baixa qualidade de vida?
Um versículo Bíblico diz: "Não andeis ansiosos de coisa alguma..." Será que não é hora de seguirmos essa orientação, para o nosso próprio bem, independente de credo ou religião?
Eu creio que antes de ficarmos tão presos ao que podemos ou não fazer, devemos buscar fazer tudo aqui que nos dê prazer, pois a vida é muito curta e as fases da vidas são ainda mais efêmeras.
Quantas pessoas nunca beberam, nunca fumaram, viviam preocupadas em excesso com a alimentação e morreram jovens?
Segue abaixo alguns trechos da entrevista realizada por Iara Biderman, com o médico Luis David Castiel, epidemiologista, que estuda os fatores associados à difusão ou à prevenção de doenças - os chamados fatores de risco.
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/901040-riscofobia-gera-mais-ansiedade-que-prevencao-diz-especialista.shtml
http://marconipimenta.blogspot.com/2011/04/na-era-da-riscofobia-queremos-controlar.html
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/901040-riscofobia-gera-mais-ansiedade-que-prevencao-diz-especialista.shtml
http://marconipimenta.blogspot.com/2011/04/na-era-da-riscofobia-queremos-controlar.html
Não é contraditório um epidemiologista questionar o conceito de risco?
Luis David Castiel - Hoje em dia, a gente tem que justificar o papel da crítica. A academia está se tornando um local produtivista, e a crítica atrapalha o bom andamento dos trabalhos e resultados. Estamos numa era, para usar o clichê, da medicina baseada em evidências.
E qual o problema com a chamada "evidência"?
Vou ficar meio pernóstico, mas tudo bem: a evidência parte de um pressuposto de que a realidade é uma coisa autônoma, definível e independente da gente. Há uma espécie de premissa que não é esclarecida. E há também uma produção de evidências que está diretamente ligada à produção de mercadorias: remédios, equipamentos...
O conceito de risco em saúde também tem esse lado?
Tem, ele cria uma indústria de avaliação de risco que vende segurança. Vi uma propaganda de uma companhia de seguros que dizia: "Vai que...". Quer dizer, vai que acontece, então você não pode relaxar, tem que ficar atento. Isso aumenta a ansiedade em relação ao risco, que gera o impulso para fazer algo, ter ou consumir algo que possa controlá-lo.
Esse é o principal problema das avaliações de risco?
Tem também um lado opressivo que me incomoda. Uma dimensão moralista, que rotula as pessoas que se expõem ao risco como displicentes e que, portanto, merecem ser punidas [pela doença], se acontecer o evento ao qual estão se expondo.
Estamos à mercê dessa prescrição constante que a gente tem que seguir. Na hora em que você traz para perto a ameaça, tem que fazer uma gestão cotidiana dela. Não há como, você teria que controlar todos os riscos possíveis e os impossíveis de se imaginar. É a riscofobia.